Especialistas estimam que, muito em breve, a atual pandemia de Covid-19 se torne uma endemia. Ainda não existe uma previsão exata de quando isso ocorrerá, mas o decurso esperado é que nos próximos meses um número suficiente de pessoas obtenha proteção imunológica através das campanhas de vacinação, de modo que haverá menos transmissão e muito menos hospitalização e morte pela doença, mesmo que o coronavírus continue a circular. Entenda melhor como acontece essa mudança.
Segundo a Medical Xpress, as pandemias geralmente iniciam com taxas de mortalidade por infecção mais altas do que as observadas nos anos seguintes. Um dos principais motivos para essa redução é que a primeira rodada de exposição a doença confere certo grau de proteção contra agravamentos se a reinfecção ocorrer. Outra razão é o desenvolvimento de vacinas, que induzem resposta imunológica de maneira semelhante e eficaz.
Evidentemente esse é um percurso geral, já que as doenças possuem particularidades que as tornam imprevisíveis. As incertezas provocadas pelo novo coronavírus, por exemplo, desafiaram os hábitos da população mundial e também os conhecimentos da ciência quanto inúmeras questões: capacidade de transmissão, formas de prevenção, eficiência de medicamentos, vacinas, entre outros.
Médicos e pesquisadores afirmam que as vacinas desenvolvidas para combater a Covid-19 são eficazes para minimizar os prejuízos da doença a longo prazo, mesmo contra as variantes já conhecidas. Além do mais, considerando que os vírus se espalham onde há indivíduos suscetíveis para sustentar a propagação, é esperado que com o avanço das campanhas de vacinação ao redor do mundo a transmissão do novo coronavírus desacelere, transformando a pandemia em uma endemia – quando a doença não aumenta de forma descomedida, permitindo o seu controle.
O atual grande problema para essa migração é que as campanhas de imunização observadas em um contexto mundial não ocorrem de maneira igualitária, avançando a passos lentos em muitos lugares. Isso faz com que a pandemia ganhe sobrevida por meio de variantes mais transmissíveis, o traz outras inúmeras problemáticas.
Os pesquisadores alertam, porém, que a perspectiva de endemia não fará com que o coronavírus desapareça de circulação. Significa, contudo, que grande parte das pessoas terão desenvolvido proteção imunológica através da vacinação e da infecção natural a ponto da transmissibilidade e letalidade diminuir consideravelmente. Ou seja, a doença ainda existirá, mas será mais parecida com uma gripe.
A tuberculose e a malária são exemplos de doenças que já foram descontroladas e que hoje são controladas por meio de vacinação e medicamentos. Notavelmente elas continuam causando imenso sofrimento a muitas pessoas, mas em uma escala muito menor do que no passado.
Ainda segundo os especialistas, algumas indefinições devem permanecer por algum tempo mesmo após o fim da pandemia. A necessidade de reforços anuais das vacinas é uma dessas questões. De acordo com o imunologista Yonatan Grad, professor da Universidade Harvard, alguns vírus, como o da gripe, requerem vacinação repetida por causa de sua evolução antigênica, enquanto outros, como o sarampo, são mantidos à distância por décadas após a vacinação infantil. Novos estudos devem trazer melhores contribuições sobre isso.
Ademais, a Covid-19 deve deixar heranças para além do vírus e das vacinas, já que surtos anteriores levaram a grandes mudanças na maneira como vivemos. Aprendemos, por exemplo, que a ventilação e o mascaramento podem ajudar a reduzir infecções e mortes causadas por uma variedade de vírus respiratórios além de impulsionar a inovação em ferramentas para lidar com outras ameaças de doenças infecciosas.
Assim, talvez as lições aprendidas com o novo coronavírus possam ser decisivas para a prevenção de muitas doenças pandêmicas ou endêmicas que virão a surgir, contribuindo a longo prazo na saúde individual e global.